No mês das mulheres, reumatologista reflete sobre como a ansiedade, a depressão e a sobrecarga podem se tornar gatilhos para doenças autoimunes como a artrite reumatoide
À medida que as mulheres conquistaram mais espaço na sociedade, também potencializaram a sobrecarga no gerenciamento de todas as jornadas da vida, que incluem o trabalho, as tarefas domésticas, a vida pessoal e os cuidados com a família. Seja pela maternidade, pressão social ou predisposições biológicas, as mulheres apresentam quase duas vezes mais depressão e transtorno de ansiedade em comparação aos homens, condições de saúde que podem contribuir para desencadear doenças complexas, como a artrite reumatoide (AR).
Existem muitas doenças reumáticas, e a AR é, provavelmente, uma das mais conhecidas, acometendo cerca de 1% da população com sintomas como inflamação das articulações (juntas), levando à dor e ao inchaço.
As questões de saúde mental eram consideradas consequências da artrite reumatoide, e agora elas se tornaram perigosos gatilhos. A explicação, segundo a médica reumatologista, Mariana Ortega Perez da Imuno Brasil é multifatorial e envolve a interação entre questões sociais, emocionais e biológicas. O estresse crônico, a ansiedade e a depressão, que muitas vezes acompanham a sobrecarga de expectativas impostas às mulheres, desempenham um papel importante como gatilho à artrite reumatoide.
De acordo com a médica reumatologista, é muito comum no consultório casos em que o início de doenças reumáticas esteja associado a eventos traumáticos. Um estudo realizado na Universidade de Calgary, no Canadá, apontou que a depressão aumentou a probabilidade em 38% do risco de artrite reumatoide. Agora, se pensarmos que os riscos para mulheres também são sempre dobrados quando falamos em doenças reumáticas, o resultado pode ser devastador.
Outros fatores, como diferenças hormonais, podem influenciar a manifestação e a gravidade da artrite reumatoide. O estrogênio, por exemplo, pode modular a resposta do sistema imunológico, afetando a suscetibilidade à doença, bem como a resposta ao tratamento.
As mulheres na faixa dos 30-50 anos de idade são as mais acometidas pela artrite reumatoide. A presença de dor, inchaço e rigidez nas articulações é sinal de alarme e necessita de avaliação cuidadosa de um especialista. O reumatologista é o médico que cuida de pacientes com artrite reumatoide e outras doenças reumáticas. A boa notícia é que o diagnóstico e tratamento precoces podem evitar a progressão da doença e o dano irreversível das articulações.
Pesquisas por diagnósticos podem representar um período de vulnerabilidade para a doença em mulheres predispostas. Por isso, é essencial reconhecer os desafios únicos enfrentados por elas. A conscientização sobre esses fatores específicos e a implementação de medidas que visem mitigar o estresse, promover o autocuidado e fornecer suporte emocional são cruciais para o manejo adequado dessa condição e para melhorar a qualidade de vida dessa parcela da população.
Neste mês das mulheres, é fundamental não apenas celebrar suas conquistas, mas também promover uma reflexão sobre como podemos melhor apoiar sua saúde física e mental em um mundo que ainda impõe tantas pressões e expectativas.
Mariana Ortega Perez – reumatologista e diretora da Regional São Paulo da Imuno Brasil. Reumatologista e doutora pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Por assessoria de imprensa
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